Ingredientes em extinção: 11 alimentos que podem sumir

Você sabia que alimentos que são figurinha carimbada em vários pratos brasileiros, como o pequi, são ingredientes em extinção? Dê uma olhada na lista completa e veja quais estão em vias de desaparecer.

Vários pequis de cor amarelo em uma cesta de palha

Ariá, buriti, cajuína e crem, além de terem nomes super diferentes, são ingredientes em extinção, então, aproveite para consumi-los o quanto antes e preocupe-se com preservá-los.

Diversos insumos correm o risco de sumir da mesa da população brasileira e de todo o mundo, incluindo frutos, sementes, grãos, queijos e carnes, principalmente porque a dieta da maioria dos seres humanos está restrita ao arroz, ao milho e à batata.

Segundo o jornalista Dan Saladino, autor do livro “Eating to Extinction” (Comendo até a extinção, em tradução livre), apenas nove “espécies” de alimentos são cultivadas em todo o globo e a falta de diversidade e o consumo prioritário de itens produzidos em larga escala fazem com que alguns itens não sejam sequer plantados, vindo a desaparecer.

Sem contar que ingredientes como o pequi, fruto natural do cerrado, que crescem sozinhos, sem necessidade de cultivo direto, têm mais risco de sofrer impactos diretos causados pelo crescimento das cidades e o desmatamento.

Ficou curioso(a) e quer conhecer outros ingredientes que estão em extinção no Brasil? Pega a pipoca – que não entrou na lista ainda, ufa – e confere este artigo!

1.  Pirarucu

Dois pirarucus passando um ao outro debaixo da agua

O pirarucu entra na lista de ingredientes em extinção na Amazônia. Ele é um peixe nativo da região e, por ser bem grande, se tornou muito cobiçado pelos moradores locais – e não é para menos!

Conhecido como “o gigante amazônico”, o Pirarucu está no ranking dos dos maiores animais de água doce do Brasil, podendo alcançar três metros de largura e pesar mais de 250 kg!

Porém, por conta da pesca predatória, o tamanho do peixe começou a diminuir e ele pode até deixar de existir, mesmo sendo a estrela principal de uma das mais populares comidas típicas do Norte – o “pirarucu de casaca”, uma iguaria que leva farofa de mandioca, banana-da-terra frita e vegetais refogados.

2.  Ariá

Vários ariás amontoados

Foto: Slow Food Brasil

Com folhas grossas e raízes com tubérculos que parecem pequenas batatas, a planta é utilizada principalmente no preparo de saladas, mas também pode ser encontrada em caldeiradas, servida como acompanhamento de variados tipos de peixe.

Por ser uma enorme fonte de proteína, o ariá também é usado para fazer farinhas que dão origem a bolachas, pães e bolos e, se você nunca ouviu falar dele, não se preocupe! É que ele quase nunca é comercializado em centros urbanos, mas está muito presente na alimentação da população ribeirinha e indígena.

3.  Jambú

A planta jambu em um jardim

O jambú é uma planta com um sabor acentuado e com a forte presença do espilantol – substância que causa “dormência” na boca – e, embora seja extremamente aproveitado em cosméticos e remédios, faz sucesso também em pratos típicos da Região Norte, como o tucupi e o tacacá, e até em drinks ao redor de todo o país.

A hortaliça ainda faz muito bem para a saúde! Seu chá pode ser usado para aliviar os sintomas da tuberculose e o alimento é rico em ferro, fósforo, sais minerais, cálcio, proteínas e vitaminas, porém, como existem poucos plantios comerciais da planta, ela corre o risco de sumir.

4.  Pequi

Duas frutas pequis sendo mostradas e uma foi cortada no meio para demonstrar

O pequi é um dos ingredientes em extinção no Cerrado, juntamente com o buriti e a cajuína. O pequizeiro é uma das árvores que mais chamam atenção nessa paisagem e muitos acham sua fruta apaixonante, por ela ser é muito saborosa, picante e, ao mesmo tempo, levemente amarga.

Aliás, o fruto é um ingrediente super comum em várias receitas de comidas típicas do Centro-Oeste.

Uma delas é o arroz com pequi, no qual a fruta é adicionada na hora de refogar os grãos. Há também a galinhada com pequi, um prato bastante tradicional principalmente nos estados de Minas Gerais e Goiás.

5.  Buriti

Varias frutas buriti dentro de uma bacia

Se existe uma fruta com mil e uma utilidades, essa fruta é o buriti! A iguaria é uma forte representação da culinária indígena, sendo usada na preparação de doces, sorvetes e mousses.

Ela ainda é matéria-prima para a construção de peças de artesanato e para a fabricação de cosméticos, sabia?

6.  Cajuína

Mão de uma pessoa segurando uma garrafa de cajuína

Gosta de uma boa comida nordestina? Então, você provavelmente já ouviu falar da cajuína, uma bebida feita a partir do caju que serve tanto como ingrediente para preparo de caldas de bolos, pudins e redução em receitas com carne quanto como bebida para acompanhar pratos típicos como a paçoca de carne-de-sol.

Ela é tão famosa que recebeu até uma homenagem em forma de música escrita pelo cantor Caetano Veloso!

E não é à toa: a cajuína se trata de uma bebida fermentada não alcoólica de preparo artesanal, muito consumida em comemorações – quase como se fosse vinho ou champanhe.

Infelizmente, o sucesso de outras bebidas mais industrializadas como o refrigerante tem apresentado uma ameaça para a cultura da cajuína, sem falar que o processo de produção, como é passado de geração em geração, corre o risco de ser esquecido caso não seja preservado.

É justamente por isso que ela se classifica como um dos ingredientes em extinção na Caatinga de acordo com o movimento Slow Food Brasil. Afinal, a produção do insumo tem sido cada vez menor.

E, se você faz parte do time que ama experimentar as delícias presentes em outras culturas por aí, fique atento(a) também à extinção de ingredientes no Pantanal.

Dentre esses ingredientes estão o arroz nativo do Pantanal e o gado-pantaneiro que, por muito tempo, alimentaram as populações locais – mas perderam espaço para outros gêneros alimentícios e podem desaparecer por completo logo logo.

7.  Arroz nativo do Pantanal

Mão de uma pessoa mexendo em arroz nativo do pantanal dentro de uma bacia branca

Foto: Slow Food Brasil

Também conhecido como arroz-do-campo, o cereal cresce ao longo das planícies inundáveis do Pantanal e do Rio Paraguai, sendo encontrado também na Argentina, no Paraguai e na Bolívia.

Esse tipo de grão foi tradicionalmente consumido pela comunidade indígena Guató, canoeiros do Pantanal. Hoje, mesmo com um teor de proteínas e vitaminas maior do que o identificado em outras variedades de arroz, ele é pouquíssimo utilizado (e cultivado!).

8.  Gado-pantaneiro

Um gado-pantaneiro caminhando no terreno de seu dono

A raça de bovinos é original da Península Ibérica e foi trazida ao Brasil durante a colonização. Com o passar dos anos, esse gado se adaptou ao clima pantaneiro, que é caracterizado pelo inverno seco e o verão úmido.

Apesar da adaptação, estudiosos indicam que o clima é, inclusive, uma das razões para o desaparecimento da espécie: as altas variações de temperatura dificultam a disponibilidade de alimentação para os animais.

9.  Cambuci

Frutas cambuci prontas para ser colhidas

O cambuci é parente da goiaba e da pitanga e um dos ingredientes em extinção da Mata Atlântica. É uma fruta que, quando nasce em ambiente nativo, serve de alimento para aves, macacos e roedores, mas seu ciclo de vida surpreende.

As sementes da fruta são mais frágeis e, por isso, podem perder o poder germinativo rápido, o que faz com que a reprodução da espécie seja prejudicada, dificultando sua continuação nas florestas.

10.  Crem

Plantas crem com a coloração rosa

O crem é uma raíz, uma espécie de batata, natural do Rio Grande do Sul e consumida no preparo de saladas, maioneses ou mesmo crua. O alimento é um dos ingredientes em extinção no Pampa e era uma parte importante da dieta de imigrantes italianos, poloneses e alemães, que também o serviam junto com carnes e sopas.

Com o passar dos anos, esse tubérculo – que nasce espontaneamente, sem necessidade de cultivo – foi perdendo habitat para as atividades agropastoris e as plantações de outras espécies cultivadas para o comércio.

11.  Uva Peverella

Senhor de idade colhendo uvas

Último item curioso em extinção no Brasil, este gênero de uva é originário do Norte da Itália e foi trazido pelos imigrantes para as terras brasileiras ao final do século XIX, ganhando espaço na Serra Gaúcha a partir dos anos 1920.

Na década de 1940, era a principal espécie de uva branca cultivada no estado do Rio Grande do Sul, mas a chegada de outras variedades fez com que ela acabasse perdendo lugar, levando-a a um sério risco de desaparecimento.

Não é chocante o fato de até uma espécie de uva ter chances de desaparecer da face da Terra pra sempre?

Enfim, você sabe que, por ser um país com uma vasta extensão territorial, o Brasil apresenta uma diversidade de fauna e flora bem grande e que, de Norte a Sul, parece fácil (e realmente é) encontrar plantas, grãos e animais que fazem parte do cotidiano de populações locais e entram como ingredientes principais de várias comidas típicas.

Só não abandone os cuidados com a preservação dessa natureza tão rica!

Os ingredientes da lista trazida acima foram catalogados pela Arca do Gosto, um projeto da Associação Slow Food do Brasil (ASFB) que busca identificar, localizar, descrever e divulgar alimentos brasileiros ameaçados de extinção.

Esses mantimentos fazem e fizeram parte de culturas passadas de geração em geração, então, a sua preservação é vital para que nenhum deles caia no esquecimento.

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